Os irlandeses, antes de Cristovão Colombo, conheciam a "Ilha
Brazil", uma terra mítica que se situaba no oceano Atlantico. Os
cavalheiros Templários a transformaram em seu patrimonio. Outros situaram a
Atlântida no Brasil.
por Pablo Villarrubia Mauso
Todos aprendemos na escola que a
"Terra de Vera Cruz" e logo a "Terra de Santa Cruz" foram
os primeiros nomes que recebeu o novo território onde desembarcou o navegante
lusitano Pedro Álvares Cabral no dia 21 de abril de 1500. Mas o suposto
descobrimento de Cabral, assim como o de Colombo, fui posto em cheque por
vários historiadores: nem um nem outro foram os primeiros europeus na América
e, alguém já sabia da existência de terras brasílicas em datas anteriores às
dos grandes descobrimentos.
As pistas para decifrar este
mistério histórico poderiam estar na própria palavra "Brasil", nome
que recebeu estas terras meridionais a partir da exploração de uma espécie de
madeira usada no tingimento de roupas. Pese a que os livros mostrem sempre esta
singela explicação, alguns historiadores, como o falecido Gustavo Barroso,
preferiram buscar outras menos convencionais. Oficialmente o nome
"Brasil" surgiu por primeira vez para designar as terras descobertas
por Cabral em um mapa de 1504.
O nome da árvore cujo tronco serviu
de coloreante durante muito anos, o "pau-brazil", já aparecia nos
relatos de Marco Polo, na Ásia e com diversas variações: bressil, brasilly,
bresilisi ou braxilis. Esta matéria-prima foi introduzida na península Ibérica
entre 1221 e 1243 pelos comerciantes de Veneza que controlavam o comércio
europeu de especiarias.
"Barroso buscou na lenda da
Atlântida, uma terra mítica e perdida além das Colunas de Hércules ou
Gibraltar, a "Ilha do Brasil"", me disse um dia o arqueólogo
Aurélio de Abreu, já falecido, especialista em mistérios históricos e
arqueológicos do Brasil. De acordo com Abreu, Barroso descobriu que nos mapas
da Idade Média de Medici (1351) e de Pzigani (1367), aparecia uma mancha que
emergia entre as então escuras e tenebrosas águas do Atlântico: era a ilha de
Brazil, Berzil ou Brasil, isto mais de cem anos antes do suposto descobrimento
de Colombo e Cabral.
Mas havia outras coordenadas para a
enigmática ilha. Um documento escrito em Gênova, em 1325, anunciava a existência
da ilha Brasil ("L'Isola Brazil") que
se supunha situada na mesma latitude do sul da Irlanda. Seu nome
procederia, segundo Barroso, do idioma gaélico (dialeto da língua celta que se
falava na Irlanda e na Escócia), da palavra "Bresail", um antigo
semi-deus pagão. A misteriosa e escorregadiça ilha, um enorme anel de terra que
rodeava um mar interior salpicado de ilhotes, somente se revelava aos olhos de
uns poucos privilegiados.
Mas, no idioma gaélico a palavra
Brasil também poderia significar "afortunado/afortunadas" e se
incorpora ao mito das famosas "Ilhas Afortundadas" que alguns historiadores
também associam às ilhas Canárias, em frente das costas da Africa ocidental. Um
manuscrito que se encontra no colégio Corpus Cristi, na Universidade de
Cambridge, de autoria de Guilhermo Botoner, de 1480, narra o descubrimiento de
uma ilha chamada Brasil ao oeste da Irlanda. Hy-Bresail o O'Breasail era uma
terra "prometida" das lendas celtas que se confundia com a ilha de
São Brandão ou Borondón, ou ainda com as míticas ilhas de Sete Cidades que
romanos e depois lusitanos procuraram.
Para Barroso o mito das ilhas Afortunadas pode
ter vindo dos gregos e latinos, que cruzaram os rios do conhecimento obscuro e
confuso da Idade Média para espalhar-se pelos países nórdicos e ocidentais da
Europa para então chegar à América.
Segundo Abreu, os catalães também tem
a sua participação na história secreta do nome "Brasil". Na
Biblioteca de Módena, Itália, existia um mapa-múndi anônimo, de procedência
catalã cujo proprietário era Angelino Balorto. Nele se observa nas proximidades
da Irlanda uma ilha chamada Brezil. Alguns historiadores acreditam que o mapa
data de 1350 enquanto outros o situam por volta de 1367. Teriam os catalães
chegado à América casualmente ou durante uma expedição de busca de novas terras
?
"Talvez os cartógrafos tenham
aproximado alguma ilha ou costa do continente Americano à Irlanda. Era comum naqueles
tempos que os desenhistas trabalhassem com referencia muito débeis, ou seja,
com relatos verbais dos viajantes que traziam informações pouco precisas ou
confusas, às vezes a propósito, para evitar que outros viajantes localizassem
as terras onde exerciam o escambo de mercadorias", reflexionava Aurélio
Abreu.
Antilhas e Fenícios
Outro dado curioso é que os espanhóis
chegaram a batizar um porto na ilha de Santo Domingo como Brasil ou Brazil. Um
mapa de 1439 que se encontra na Biblioteca de São Marco (Veneza), cujo autor
era André Bianco, mostra uma ilha no extremo oriental do Atlântico com o nome
de Brazil, perto de outra chamada Antilia e uma terceira, sob o estranhíssimo
nome de "Isla de la mano de Satanaxio" ou o mesmo que "Ilha da
mão de Satanás".
O mapa náutico de Zuane Pizzigano, de
Veneza (1424), é um dos mapas mais
antigos da Idade Média dedicado ao "Mar Oceano" e às suas ilhas
misteriosas. Nesse mapa aparece uma ilha de grandes dimensões, a Antilia,
desenhada com o mesmo tamanho que
Portugal. Este é a primeira tentativa de representar uma parte do que
posteriormente se denominou América, antes que Colombo ali chegara em 1492. E,
tal como os mapas mencionados anteriormente, este também exibe uma ilha,
pintada como um círculo bipolar, vermelho e azul. Seu nome: Braxil. Está
situada a pouca distancia a oeste da Irlanda e é menor que esta ilha. Este
"Braxil" passou totalmente desapercebido aos historiadores.
Nos anos 70 o arqueólogo norte-americano
Cyrus Gordon interpretou o nome Brasil procedente da palavra "brzl"
usada pelos canaanitas (habitantes da antiga Fenícia e Palestina) para designar
o ferro. O estudioso se baseava nas descobertas de inscrições fenícias no
nordeste brasileiro, especialmente na Paraíba, que provariam a presença daquele
povo bíblico en nosso país.
A margem destas interpretações e,
como concluía Barroso, a palavra Brasil não era desconhecida dos navegantes
portugueses. Era possível que tivessem confundido as costas do Brasil com a
mítica ilha do Atlântico, repleta de madeira vermelha que tingiu não só suas
roupas como também seus sonhos.
Atlântida
no Brasil
As terras brasileiras foram
descritas por vários pesquisadores da arqueologia fantástica como um colônia de
atlantes que aqui se refugiaram durante o grande cataclismo que afundou o
continente perdido.
"A primera comparação que se se
fez entre o Brasil e Atlântida é devida ao francês Snider Pellegrini",
revela o historiador paranaense Johnni Langer. Em sua obra "La creation et
ses mystères devoilés: l'origin de l'Ameriqueª (1859), Pellegrini afirmava que
nas selvas do Mato Grosso estava ocultas as ruínas do outrora glorioso Império
que foi mencionado pelo filósofo Platão. Mais tarde, a princípios do século XX,
o célebre coronel britânico Percy Fawcett defenderia e popularizaria a dita
hipótese.
A princípios do século XX o cônego
Raymundo Ulysses de Pennafort - defensor da existência da Atlântida -
acreditava que a palavra "Brasil" procedia do sânscrito, ou seja,
"Berézatl-Gairi" que significa "Alta Colina". Outro
estudioso pouco ortodoxo, Peregrino Vidal, em seu raríssimo livro intitulado “Fomos
e Somos a Atlântida" (São Paulo, 1946), acreditava que a palavra Brasil
era de origem mesopotâmico, originalmente Beracil que se transformou em Bracil
cujo significado era "Terra dominada pelo Sol do meio dia". Vidal
defendia que os indios tupis eram descendentes dos Iberos trazidos por um
semi-deus civilizador mesopotâmico chamado Raghemah o Sumé.
Os atlantôlogos, ainda mais
atrevidos, dizem que a própria Atlântida ficava no Brasil. O pesquisador e
estudioso de mistérios brasileiros, Gabrielle D'Annunzio Baraldi, diretor do
Instituto de Cultura Megalítica ( em São Paulo) situa no Piauí uma parte do
desaparecido continente. Como provas, mostra um desenho feito a partir de uma
pedra pré-hispânica que está em um museu particular do dr. Darquea Cabrera, no
povoado de Ica, Perú, onde aparecem, supostamente grandes cidades atlantes na
América do Sul.
Uma das bases para relacionar Brasil
com a Atlântida é a geologia. O território brasileiro é geologicamente, o mais
antigo do planeta. "A ausência de depósitos de sedimentos da Era
Secundaria no planalto central brasileiro revelava que tais terras se
encontravam emersas em época anterior à acumulação de tais sedimentos no fundo
do mar. Em outras palavras: a região central do Brasil já constituía um
continente amplo quando as demais partes do mundo ainda estava debaixo das
águas do grande oceano primordial ", alega Baraldi.
Templários
e Inquisição
Outro fato da história oculta do
descobrimento do Brasil envolve a famosa Ordem de Cristo. Na Idade Média foi
criada a Ordem dos Cavaleiros Templários, que tantas páginas da história
preencheram. Dissolvida violentamente em 1312 pelo Papa, a Ordem continuou
existindo em Portugal - um dos reinos mais tolerantes naquele momento - e
albergou aqueles que fugiam da atroz perseguição em outros domínios europeus.
O rei português D. Dinis fundou a
Ordem de Cristo, na realidade uma fachada para ocultar os verdadeiros
templários os que outrora haviam protegido os caminhos de peregrinação europeus
até Jerusalém conquistada pelas Cruzadas.
Outra personagem célebre, o infante
D. Henrique, conhecido como "O Navegante" e fundador da Escola de
Sagres (de técnicas e descobrimentos náuticos) foi o líder da Ordem de Cristo.
Alguns historiadores acreditam que o infante e seus navegantes conheceram o
Brasil antes que Cabral. O certo é que o Brasil fez parte do patrimônio da
Ordem durante muito tempo. As caravelas que aquí chegaram traziam abertas as
velas com a cruz templária, símbolo máximo da instituição.
"Ainda hoje existem grupos muito
fechados no Brasil de cavaleiros templários que realizam ritos antiquíssimos e
que se consideram herdeiros do patrimônio deixado pela Ordem de Cristo, um
patrimônio espiritual que se inspira no nascimento de uma grande potência
econômica a partir do próximo milênio", dizia Aurélio Abreu.
Um dos dados mais significativos
para compreender a nova Terra Prometida ou Paraíso Terrenal - tal como
Cristóvão Colombo proclamou ao descobrir o continente Americano - é a
desconhecida ou talvez omitida história de Pedro de Rates Hanequim, natural de
Lisboa que viveu durante 26 anos em Minas Gerais.
Em 1741, sua Majestade, João V
ordenou o confisco de bens e a excomunhão de Hanequim e, em 1744, o Santo
Ofício (a Inquisição) ditou a sua morte por afogamento, primeiro e pelo fogo,
depois, a fim de reduzir seu corpo a cinzas. Tudo isso para que Hanequim não
tivesse sepultura e que seu nome se apagara de uma vez por todas da história.
Porém, os mesmos documentos eclesiásticos imortalizaram este crime.
Por que morreu Hanequim ? Por algo
muito grave para aquela época: seu nome estava ligado a uma conspiração contra
a monarquia portuguesa e seu domínio sobre o Brasil, pois procurava a independência
daquela colônia. Não obstante, não foi esse o motivo principal que o levou aos
tribunais do Santo Ofício ou que a Inquisição decretara a sua morte. Segundo
conta o grande historiador Sérgio Buarque de Holanda em seu livro "A visão
do Paraíso", o cidadão luso foi condenado por considerar o Brasil como o
"Paraíso Terrenal" onde havía uma árvore com frutos semelhantes a
figos ou maçãs que encarnavam o bem e o mal.
Hanequim também acreditava que os
índios brasileiros descendiam de uma das tribos perdidas de Israel - que
aparecem no Velho Testamento - e que Adão, o progenitor da humanidade, criou-se
no Brasil. De aquí partiu para Jerusalém ao abrir-se o Oceano Atlântico para
permitir sua caminhada, do mesmo modo que o Mar Vermelho se abriu aos
israelitas. E para provar que este Adão brasileiro existiu, Hanequim mencionava
as marcas de pés humanos que apareciam marcados em algumas rochas nas costas da
Bahia.
Com toques proféticos, Hanequim
apregoava que no Brasil se erigiria o "Quinto Império",
super-poderoso, que alargaria seus dominios por todo o Planeta. O religioso
aproximou-se em parte da atual realidade: hoje o Brasil é a oitava potencia
econômica mundial, apesar de que a renda dos seus cidadãos seja uma das piores
distribuidas, concentrada em mãos de poucos.
Além disso, Hanequim difundiu que o
Dilúvio Bíblico não tinha sido universal: o Brasil tinha escapado do aguaceiro.
A maior heresia do prisioneiro foi a de ter considerado que na Criação do Mundo
somente intervieram o Filho e o Espírito Santo, excluindo o Deus-Pai desta
importante tarefa. A isto se acrescenta que as entidades Divinas tinham corpo
material, ou seja, os anjos e inclusive Nossa Senhora seriam tão palpáveis como
qualquer um dos mortais.
Embora sob tortura durante três anos,
Hanequim continuou afirmando suas teorias diante do enraivecidos padres do
Santo Ofício que não lhe perdoaram a heresia. Hoje, passados vários séculos, as
palavras do malogrado herege ainda ecoam como proféticas e todos os anos, em
alguns rincões paradisíacos do Brasil surgem grupos que proclamam o nascimento
de uma Nova Nação abençoada por Deus ou pelos deuses.
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